Não
adianta ter asco da política, ela é necessária para a boa condução social.
Imagine um mundo onde todos mandassem
em tudo ou ninguém mandasse em nada, na esfera social? Certamente isso seria
o caos! É salutar á sociedade possuir uma hierarquia política que a organize de
maneira que todos os setores sociais funcionem adequadamente. Revoltar-se
contra o sistema vigente e sugerir a anarquia não é certo.
Por
causa da corrupção de alguns dos nossos políticos, alguém, insensatamente, tem
sugerido acabar com a política. É mesmo a coisa de acabar com o futebol por
causa das brigas de torcida ou eliminar os carros por causa de acidentes.
Absurdo! Se as coisas não funcionam muito bem como são, imagine sem ela. Pensar
assim é aderir ao anarquismo.
O
anarquismo é definido como “uma doutrina (conjunto de princípios políticos,
sociais e culturais) que defende o fim de qualquer forma de autoridade e
dominação (política, econômica, social e religiosa). Em resumo, os anarquistas
defendem uma sociedade baseada na liberdade total, porém responsável. O
anarquismo é contrário a existência de governo, polícia, casamento, escola
tradicional e qualquer tipo de instituição que envolva relação de autoridade.
Defendem também o fim do sistema capitalista, da propriedade privada e do
Estado”.
Queira
ou não, gostemos ou não, temos nos submeter às hierarquias constituídas nos
sistemas políticos, religiosos, econômicos e sociais. Dentro do próprio âmbito
divino o Senhor estabeleceu a hierarquia como forma de autoridade e
organização. Pense na organização angélica. Quando Deus criou os anjos ele
estabeleceu uma ordem: “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos
céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam
principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele” (Colossenses
1:16).
Pois
bem, o Senhor deixou também leis onde as sociedades civis pudessem se organizar
de maneira que a ordem pudesse ser estabelecida e desejada como ideal. Israel era
apenas um povo escravizado no Egito, mas, após sua saída receberam preceitos,
mandamentos, leis, para que não se extinguisse e tivesse característica de nação.
Deus não estabeleceu apenas a lei moral. A partir de Êxodo 21:1 ao 23:33, o
Senhor especifica a lei civil ao seu povo: “Estes são os estatutos que lhes
proporás”. No sistema de governo original Deus era o regente: teocracia. O povo
respondeu positivamente a esse tipo de comando: “Veio, pois, Moisés, e contou
ao povo todas as palavras do SENHOR, e todos os estatutos; então o povo
respondeu a uma voz, e disse: Todas as palavras, que o SENHOR tem falado,
faremos” (Êxodo 24:3). As dificuldades de Samuel em atender as questões sociais
(I Samuel 17:15,16) emergiu no povo o desejo de ter um governante que
prontamente os atendessem: “E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus
filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre
nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações” (I Samuel 8:5). A
partir deste momento é instituída a monarquia com todas as suas formas.
O
certo é que a política desde cedo está presente em nossa vida. Ela é a arte de
bem governar. Em si mesma é extremamente relevante e útil. O vocábulo política
vem da língua grega, polis, “cidade”
e o conceito predominante é a busca constante da conduta ideal na esfera
municipal, estadual e federal. Dizer que a política é do Diabo e relegá-la não
faz sentido. A atitude sensata nos orienta a buscarmos informações, pesquisar, e
agir com sabedoria nessa área. Somos influenciados direta e indiretamente pela
política, pois fazemos parte da sociedade que é fragmentada em diversos setores.
Como fazer de conta que o tipo de política dos que estão no comando não é
extensivo a nós?
Alguns
podem objetar que pelo menos os crentes não deveriam se envolver com política. Mas,
os mesmos defendem a participação em outros tipos de segmentos que também pode
não ser tão ético (?) ou recomendável. Temos que entender que o mal não reside propriamente
nas coisas, mas na natureza humana inclinada ao pecado. Alguns crentes defendem
a ideia de que o conforto social traz mornidão espiritual, o dinheiro e o poder
corrompem, é pecado o crente usufruir de lazer, mas nada dizem que a raiz do
problema é o estado de depravação que atingiu todas as pessoas pela Queda no
Éden. O apóstolo Paulo esclarece que não tornaremos impuros simplesmente pelo
convívio com pessoas que não possuem o mesmo procedimento santo e piedoso que
devem ter os eleitos do Senhor: “Já por carta vos tenho escrito, que não vos
associeis com os que se prostituem; isto não quer dizer absolutamente com os
devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os
idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo” (I Coríntios 5:9, 10).
Outros pensam que somos apenas cidadãos do céu: “Mas a nossa cidade está nos céus, de
onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20). É
verdade que neste mundo somos peregrinos e forasteiros (Hebreus 11:13) e que
não temos permanência neste mundo: “Porque não temos aqui cidade permanente,
mas buscamos a futura” (Hebreus 13:14). Entretanto, como cidadãos deste mundo devemos
cumprir nossas obrigações, já que somos, fomos e estamos inseridos nesse grande
processo de construção social. Jesus
reconheceu a autoridade política do imperador quando respondeu aos
inquiridores: “Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus
o que é de Deus” (Lucas 20:25). Ele não agiu, criticou ou se revoltou contra o
sistema.
O
apóstolo Paulo vai além e diz que a origem da autoridade e do governo civil foi
sancionada pelo próprio Deus: “Toda a alma esteja sujeita às potestades
superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que
há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à
ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação”
(Romanos 13:1, 2). Em 1 Timóteo 2:1,2 ele orienta aos irmãos que intercedam em
favor das autoridades constituídas: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se
façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os
homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos
uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (1 Timóteo 2:1-2).
É
certo que não devemos esperar que a política resolva todos os nossos problemas
e colocar nela a nossa confiança como a única solução. Mas, temos de entender
que o Senhor está no controle de tudo, até mesmo da política. O Senhor deixou
isso bem claro quando Daniel interpretou o sonho do rei Nabucodonosor: “Serás
tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te
farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e
passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que o Altíssimo tem
domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer” (Daniel 4:25).
Não
queira ser mais correto do que Deus. Se Ele não condenou a política, quem somos
nós para opinarmos que ela não tem nada para nos oferecer e nenhuma serventia
aos seres humanos? Estamos na iminência de mais uma eleição municipal. Ore ao
Senhor para que ele o oriente, se informe a respeito dos candidatos e vote com
responsabilidade.
Em
Cristo,
0 comentários:
Postar um comentário