NOTA: A natureza humana é inclinada ao pecado, desde a Queda de Adão. Mas, alguns teimam em atribuir absolutamente ao Diabo todas as mazelas, destituindo o ser humano das suas responsabilidades. Outros dizem que o ser humano peca por socialização e assim o problema está, por exemplo, essencialmente no poder, no dinheiro, no sexo. Este pensamento não é certo. O pequeno texto abaixo foi escrita por uma pessoa que não é evangélica, mas, entende bem a natureza humana.
Ana Cláudia Fossen*
Sempre quando estou em uma
roda de amigos sou questionada sobre os possíveis tratamentos para a perversidade
humana. O desvio de caráter estrutural não tem tratamento, pois sabemos que
psicopatas, que acabam por cometer crimes chocantes, devem ser afastados do
convívio social.
Não obstante, o que fazemos
quando essa perversidade, ainda que em seus traços mais leves, aparece no nosso
dia a dia? A picaretagem, a falta de ética profissional e conjugal, o jeitinho
brasileiro, a politicagem são bons exemplos do que da maldade pode ser aceita
na cultura. Infelizmente, em um país como o Brasil observamos uma cultura que
incentiva essas características.
Casais que se separam por
uma traição, puxadas de tapete no trabalho, vendedores inescrupulosos, subornos,
propinas são apenas pequenos exemplos de que estamos pensando mal o rumo que
queremos dar à perversidade que nos caracteriza.
Será que nos acostumamos, delirantemente,
a achar que o mal não nos cerca e por isso não devemos nos preocupar com ele?
Achamos inglória a batalha por uma sociedade melhor? É esperado, então, ver uma
família desfeita porque em um momento de impulso se decidiu ter um caso com um companheiro
de trabalho? Pode-se considerar comum que um funcionário peça propina para fazer
aquilo pelo qual ele é pago para fazer? Deve-se considerar ético que um colega
de trabalho lhe “passe a perna”, pois o seu ramo de negócios é agressivo? As injustiças
e os sofrimentos humanos se tomaram tema de ficção e não mais, parte de nossas
vidas.
Essa é a mais triste das
realidades. E a culpa disso, caros leitores, não é do Capitalismo nem do Diabo.
É nossa, exclusivamente nossa, toda a responsabilidade.
Esquecemos que uma sociedade
com valores mais justos, forma naturalmente homens mais éticos.
Ana Claudia Fossen, psicanalista, escreve quinzenalmente
às sextas feiras no Jornal Bom Dia, Jundiaí – SP.
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