quinta-feira, 12 de abril de 2012

CONHECER O PODER DE DEUS NÃO É O MESMO QUE CONHECER AS ESCRITURAS


Por Gilson Barbosa

Saduceus

Muitos evangélicos da atualidade não possuem conhecimento correto e verdadeiro das Escrituras Sagradas, infelizmente. Contentam-se em ficar na marginalidade do entendimento bíblico. Já me deparei com muitos deles que não dispensam, e não querem dispensar, nenhum tempo no estudo das Escrituras Sagradas. Para eles a Bíblia parece ser um livro místico, velado, oculto, mágico, com sentido claro apenas aos mais “espirituais” – pensamento semelhante aos gnósticos do primeiro século da Era Cristã.

No texto de Mateus 22.23-33, Jesus censura os saduceus apontando seus dois erros básicos: não conhecerem as Escrituras nem o poder de Deus (v. 29). Para minha tristeza isso se repete em nossos dias. Vamos ao texto bíblico.

Aquele dia não foi nada fácil para Jesus. Anteriormente havia refutado os principais dos sacerdotes e anciãos do povo, quanto sua autoridade (Mt 21.23-27); havia sido pressionado pelos fariseus, quanto a questão do tributo (Mt 22. 15-22); agora oferece uma resposta apologética aos saduceus, sobre a ressurreição dos mortos (v. 23-33). Os saduceus rivalizavam as Escrituras com a razão humana, pois “conheciam-na”, mas, não criam na possibilidade ou no poder de Deus ressuscitar os mortos no juízo final. Após falar sobre a consideração das Escrituras no Catecismo de Westminster, reiterando o principioSola Scriptura, disse o autor Mark Johnston: “O problema de nossos dias não é somente que as Escrituras são rivalizadas com muitas outras formas de revelação, mas também que, muito frequentemente elas estão subordinadas à razão”. Eis ai dois erros: equiparar as revelações nivelando-as com as Escrituras Sagradas ou subordiná-las ao racionalismo humano.

Os saduceus também cometeram um erro básico de hermenêutica sagrada: ir até ao texto bíblico carregado de pressupostos. Por não acreditarem na ressurreição dos mortos invocaram uma das leis mosaicas inventando acontecimentos que logicamente não passava de mentira. Ou seja, deveriam primeiro estudar o que as Escrituras ensinam sobre a ressurreição dos mortos, sobre os anjos, sobre a atuação do poder de Deus, a participação dos salvos na vida eterna, e somente depois tirarem suas conclusões e não o contrário.

Quando os saduceus inventaram a história de que sete irmãos casaram com a mesma mulher, todos morreram e que ela não teve filhos com nenhum deles, invocaram o texto de Deuteronômio 25.5,6 que trata sobre a questão do levirato. Quanto a essa lei comenta William Hendriksen (Comentario al Nuevo Testamento, Ed:Libros Desafio): “Según esta ley, si una esposa pierde su marido antes que haya nacido un hijo varón, el hermano de su marido—o el pariente más cercano—debe casarse con la viuda, para que el primer hijo nacido de este casamiento pueda ser contado como hijo del muerto y que no se pierda la línea de éste. La desobediencia a este mandamiento se consideraba una grave ofensa (Dt. 25:7–10)”.

Prosseguindo o texto, o evangelista Mateus escreve (v.24): “Mestre, Moisés disse”. A menção do nome de Moisés significa que aceitavam apenas o Pentateuco, como Escritura Sagrada, essa informação pode ser comprovada pelo Smith’s Bible Dictionary: “Alguns dos antigos escritores cristãos atribuem aos saduceus a rejeição de todas as Sagradas Escrituras, exceto o Pentateuco”.  

O que eles queriam mesmo era testar e ridicularizar o Senhor Jesus, contando uma história fictícia, mas se deram mal. Como pode morrer os sete irmãos e nenhum deles terem filhos com a mulher? Que mulher é essa einh? No mínimo casar com ela dá muito azar! Duvido que o terceiro ou o quarto irmão insistiriam em contrair matrimonio com ela. A pergunta crucial, feita por eles a Jesus, era que se houvesse de fato ressurreição de mortos, na eternidade quem seria o marido dela? De quem ela seria esposa? Não poderia ser dos sete irmãos! Pronto, pensaram que tinham encurralado nosso Mestre com essa pergunta.

Tiveram como resposta de Jesus o seguinte: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (v. 29). A Nova Versão Internacional traz “vocês estão enganados” em lugar de “errais”. É coerente, pois, não somente estavam enganados quanto a não existir ressurreição dos mortos, no futuro, enganados quanto as Escrituras Sagradas não ensinarem a ressurreição dos mortos e mais, enganavam outras pessoas com suas crenças filosóficas e deístas. Isso é evidente a seguir nas palavras de Jesus, quando Ele cita Êxodo 3.6: “E quanto à ressurreição dos mortos, vocês não leram o que Deus lhes disse: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’? Ele não é Deus de mortos, mas de vivos!” (vs. 31,32). Quanto a indagação de quem a mulher seria esposa, Jesus respondeu que “Na ressurreição, as pessoas não se casam nem são dadas em casamento; mas são como os anjos no céu” (v.30).

Na atualidade há um grupo sectário que acredita no casamento para a eternidade: são os mórmons.  Em um site mórmon temos a seguinte explicação: “Os Mórmons acreditam que o casamento dura para toda a eternidade – por isso o chamam de ‘Casamento Eterno’. Mais formalmente, o casamento eterno é chamado de ‘Selamento’ ou de ‘Ordenança Seladora’. O casamento civil pode ser realizado nas capelas Mórmons, caso os noivos assim desejem. Após o casamento civil, os noivos se casam em um dos templos Mórmons. Quando um noivo e uma noiva são casados no templo eles são selados um ao outro – eles não estão casados somente para essa vida, ou ‘até que a morte os separe’, mas estão casados para essa vida e para a eternidade. Cristo ensinou que ‘o que Deus ajuntou não o separe o homem’ (Mateus 9:6) e os Mórmons acreditam que a morte não põe fim ao casamento”. Não comentarei sobre esse procedimento antíblico, apenas mencionei para efeito de conhecimento – quem sabe noutra ocasião.

Os saduceus se contrapunham ao grupo dos fariseus quanto à aceitação da lei oral, pois somente reconheciam a lei escrita. No entanto, Jesus disse que eles estavam equivocados, enganados, por não conhecerem verdadeiramente e essencialmente, as Escrituras Sagradas, isto é o Antigo Testamento.

Meu incentivo é que não repitamos os mesmos erros doutrinários e pessoais no trato com as Escrituras Sagradas (Antigo e Novo Testamento), assim como notamos nas páginas da Bíblia Sagrada. Os erros doutrinários diz respeito à maneira como estamos interpretando as Escrituras; já quanto aos erros pessoais, trata-se de pensar que conhecemos pessoalmente as Escrituras, e banalizarmos seu estudo sistemático, quando na verdade somos superficiais e desonestos com sua interpretação e aplicação. Que mudemos nossa postura quanto a nossa interação com a Bíblia Sagrada. É necessário conhecer verdadeiramente e corretamente as Escrituras, e isso só se dará nos gastando com ela.

Em Cristo,
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