quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA


Por Gilson Barbosa

A Antropologia é uma disciplina de extrema importância. Encontramos a seguinte informação no Jornal do Brasil, 02/12/1990, na seção Ciência:

“Em sua busca da origem do homem, a antropologia não precisa mais se basear apenas no estudo das marcas de civilizações soterradas por toneladas de terra. Cada vez mais ela começa a contar com a ajuda de uma ferramenta valiosa: a genética. Ao lado de construções, costumes e santuários, os grupos humanos em suas imigrações e vaivéns pelo planeta, em contato com outros grupos, vão deixando suas pegadas genéticas. Para rastrear essas pegadas, 146 laboratórios do mundo todo se uniram para estudar 400 grupos étnicos, trocar informações e montar o maior banco de dados sobre genética da História”.

Saber de que forma se originou a vida biológica humana é uma curiosidade para os leigos e um objeto de pesquisa para os cientistas e estudiosos em geral. Há teorias, as mais variadas, sobre a origem do homem, porém contrárias à Bíblia. Não passa de especulação e simples hipóteses. De um lado está a teoria da evolução, do outro, a da criação. Para aqueles o manual é A Origem das Espécies de Charles Darwin, para estes, a única fonte autorizada e verdadeira acerca do assunto é a Bíblia Sagrada, corroborada pelas ferramentas científicas verdadeiras.

A pesquisa, a qual a comunidade cristã apresenta quanto à origem da vida humana, está fundamentada sob o ponto de vista teológico e neste sentido a antropologia é um importante caminho para o estudo do homem.

I. DEFINIÇÃO


A Palavra antropologia significa, basicamente, estudo do homem. É uma disciplina que investiga as origens, o desenvolvimento e as semelhanças das sociedades humanas assim como as diferenças entre elas. A palavra antropologia deriva de duas palavras gregas: anthropos, que significa “homem” ou “humano”; e logos, que significa “pensamento” ou “razão”. Os antropólogos comumente investigam as formas de desenvolvimento do comportamento humano, objetivando descrever integralmente os fenômenos sócio-culturais. Em geral, a antropologia pode ser dividida em vários segmentos:

II. CIENTÍFICA


Esse ramo da antropologia estuda o homem em duas categorias: Biológica e Cultural. A antropologia biológica é geralmente classificada como uma ciência natural, enquanto a antropologia cultural é considerada uma ciência social. A antropologia biológica, como o nome já indica, dedica-se aos aspectos biológicos dos seres humanos. Busca conhecer as diferenças ditas raciais e étnicas, a origem e a evolução da humanidade. Os antropólogos desta área de conhecimento estudam fósseis e observam o comportamento de outros primatas.

A antropologia cultural dedica-se primordialmente ao desenvolvimento das sociedades humanas no mundo. Estuda os comportamentos dos grupos humanos, as origens da religião, os costumes e convenções sociais, o desenvolvimento técnico e os relacionamentos familiares. Um campo muito importante da antropologia cultural é a lingüística, que estuda a história e a estrutura da linguagem. A lingüística é especialmente valorizada, porque os antropólogos se apóiam nela para observar os sistemas de comunicação e apreender a visão do mundo das pessoas. Através desta ciência também é possível coletar histórias orais do grupo estudado. História oral é constituída na sociedade a partir da poesia, das canções, dos mitos, provérbios e lendas populares.

II. FILOSÓFICA


Procura investigar o homem numa perspectiva mais profunda do que tem sido feito em outras áreas de conhecimento. Utiliza-se de matérias como: a metafísica, a epistemologia e a ética. Neste segmento se estuda todo o conhecimento que o homem tem reunido em torno de si.

III. TEOLÓGICA


Estuda a origem, a natureza e a relação do homem com o Ser Supremo. Deus tinha um propósito para o homem ao criá-lo. O Senhor criou o homem segundo a sua imagem e semelhança, e o fez sob um plano abençoador. No entanto o ser humano escolheu desobedecer a Deus dando ouvido ao Diabo. A partir daí, Deus põe em ação o plano que Ele já tinha reservado, para resgatar o homem que havia pecado. Quando o homem pecou, Deus sacrificou um animal e com a pele fez a túnica de peles à Adão e a Eva (Gn 3.21). Isto prefigura um ato redentor e resgatador. No Novo Testamento Jesus, segundo João “é o Cordeiro que tira o pecado do mundo” (Jo1. 29).

IV. A COMPLEXIDADE DO HOMEM


Jamie Buckingham no prefácio do livro “Fósseis que Falam” escreveu: “Todos os homens perguntam: De onde vim?... É importante saber de onde viemos... porque nossa origem diz para onde nos encaminhamos”. A antropologia teológica afirma que o homem é um ser criado por Deus. Há dois tipos de interpretação:

1. Criação Mediata
Esta corrente de interpretação é parecida com a teoria da evolução. Segundo o pastor Gilmar Vieira Chaves, na revista Obreiro, os adeptos desta corrente de pensamento interpretam que “Deus criou aquele estágio elementar de vida que, a partir de milhões e milhões de anos, transformou-se no que somos hoje”.

2. Criação Imediata
Os que defendem essa teoria afirmam que o ser humano saiu das mãos de Deus com a estrutura e características do homem atual. Deus criou o homem do nada e o fez surgir por meio do seu poder. É um confronto com a teoria da Criação Mediata, pois, Deus não possibilitou o processo de evolução ao homem.

V. ADÃO E EVA FORAM PERSONAGENS REAIS?


Algumas personalidades teológicas insistem em desacreditar nos fatos bíblicos, extraindo deles a sua verdade, transformando-os em mentiras, e minando conseqüentemente a base da ortodoxia doutrinária. É o caso da historicidade do casal Adão e Eva. Supondo-se que esses personagens não existiram na história, mas são apenas figuras fictícias, todo o conceito teológico que depende e está fundamentado na existência deste casal sucumbiria. Quem são esses personagens? Qual a importância de sua origem?

As idéias teologicamente liberais originaram-se por volta dos séculos 18 e 19 na Alemanha. Por infelicidade deu-se em ambiente protestante, e, posteriormente, também nos círculos católicos. Esses teólogos liberais desenvolveram e aplicaram a chamada “Alta Crítica”, que pode ser identificada como um dos maiores inimigos das Sagradas Escrituras e o método literário de interpretação consistia numa investigação minuciosa e atenta do texto bíblico, entretanto de maneira naturalista e racional, condenando os milagres bíblicos a meras lendas e contos populares. O que percebemos é que, na verdade, aqueles que se propõe a tal investigação, não crêem de fato em Deus e conseqüentemente nos milagres que obrou, tributando como impossível a narrativa de Gênesis. Note, conforme Romanos 5.12,21 que a realidade da existência de uma pessoa, depende da outra: “Portanto, como por um homem (Adão) entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram [...] Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor”. O curioso que muitos destes teólogos liberais negam a historicidade do casal, mas aceita a de Jesus, todavia, por meio deste texto bíblico percebe-se que não há como Jesus ser real e Adão e Eva apenas um produto da ficção humana. A Bíblia não nos deixa em dúvidas, pois afirma: “Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva” (1Tm 2.13).

Se não tivesse existido literalmente um Adão, como se explicaria a questão do pecado, que entrou no mundo por intermédio dele? Norman Geisler arremata: “Se não tivesse havido de fato a queda, então o ensino espiritual quanto ao pecado herdado e quanto à morte física, dele decorrente, estaria errado”. Em seus ensinos Jesus se referiu à criação de Adão e Eva como verdades históricas: “... no princípio macho e fêmea os fez...” (Mt 19.4). E o ensino moral de Jesus quanto ao casamento? “Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?” (Mt 19.5). Quando os fariseus disseram que Moisés “admitia” o divórcio, Jesus lhes respondeu: “... mas ao princípio não foi assim” (Mt 19.8). Atentemos para a Bíblia quando diz que “os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados” (2Tm 3.13).

CONCLUSÃO


A mesma fé que temos na doutrina da criação, criticada pelos “cientistas”, deve ser recíproca aos que acreditam numa criação do homem puramente humanista e racional. A revista Defesa da Fé nº 60, página 55, descreve: “O criacionismo escolhe acreditar que Deus é o criador de todas as coisas, inclusive da vida. O evolucionismo acredita na obra do acaso que vai transformando uma forma de vida em outra, num processo cego e sem nenhum objetivo final”.

Concluo com as palavras do pastor Elinaldo Renovato na Lição da Escola Bíblica Dominical sob o título Doutrinas Bíblicas, página 43: “Deus criou o homem com propósitos específicos e definidos: para a sua glória (Is 43.7;60.21;61.3;Lc 2.14); para a satisfação de sua vontade soberana; (Ef 1.5,6,9; Ap 4.11); e para a honra especial de seu Filho Jesus, o restaurador de todas as coisas (Cl 1.16; Hb 2.10).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Doutrinas Bíblicas. Lições Bíblicas 1º Trimestre de 2001.
Antropologia Teológica. Revista Obreiro ano 23 - número 07 - 1999.
SAINT, Felipe. Fósseis que Falam. Editora Vida, 1987.
Defesa da Fé. Revista de Apologética ano 8 - nº 60, Setembro de 2003.
CHAMPLIN, R.N.Enciclopédia de Bíblia,Teologia e Filosofia.Editora Hagnos, 1991.
CPAD. Bíblia de Estudo Pentecostal. 1995.
Jornal do Brasil. Genética Ajuda a Antropologia a Desvendar Segredos do Homem. Domingo, 02/12/90.
GEISLER, Norman & HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições”da Bíblia.Editora Mundo Cristão,1999.


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Um comentário:

  1. Ótima explicação sobre a matéria de Antropologia Teológica. Fiquei esclarecido o suficiente...

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