sábado, 17 de dezembro de 2011

O PROBLEMA DOS CASAMENTOS MISTOS (Subsidio EBD)

Por Gilson Barbosa

No Antigo Testamento Deus proibiu Israel de fazer acordo ou associar com nações estrangeiras: “Acautele-se para não fazer acordo com aqueles que já vivem na terra; pois quando eles se prostituírem, seguindo os seus deuses e lhes oferecerem sacrifícios, convidarão você e poderão levá-lo a comer dos seus sacrifícios” (Ex 34.15). A expressão prostituirem é uma metáfora usada com respeito à adoração de falsos deuses (os deuses destas nações).  A intenção principal é a obediência irrestrita ao segundo mandamento do Decálogo (Ex 20.3): “Não terás outros deuses além de mim”. Israel deveria ser propriedade exclusiva de Deus, saber que só há um ÚNICO Deus verdadeiro e não poderiam misturar-se com as práticas pagãs dos vizinhos. As nações não possuíam modelos nem exemplo (que agradassem a Deus) na questão espiritual, civil e moral. Para a preservação de Israel como nação, Deus lhes deu leis. O que é uma nação sem leis? E estas leis visavam aspectos religiosos e civis e, às vezes se mesclavam.

A lição deste domingo (18/12) é extremamente útil, em seus ensinamentos, aos que estão para se casar. Este assunto (matrimônio) não ficou relegado e suas implicações religiosas importavam muito. No texto bíblico (Neemias 13) o tema faz parte da quinta seção de versículos (1-3; 4-9; 10-14; 15-22; 23-29; 30,31). Neemias relembra os judeus que o SENHOR não admite casamentos mistos. Os clãs das tribos deveriam ter cuidado para não escolher para os seus filhos mulheres dentre as filhas deles (uma menção aos matrimônios com estrangeiros). A razão Divina era porque quando elas se prostituírem, seguindo os seus deuses, poderão levar os seus filhos a se prostituírem também (Ex 34.16). O Senhor proibia alianças, quer nacionais, quer domésticas, com o povo de Canaã, porque semelhantes alianças tenderiam a comprometer a lealdade de Israel ao Senhor (v. Dt 7.2-4). A prostituição aqui também é uma metáfora para a adoração a falsos deuses.

INFLUÊNCIA DAS DIFERENÇAS NO CASAMENTO

É salutar que os que estão para se casar atentem para as diferenças que podem minar toda a paz e bem-estar matrimonial. O pastor Eliezer Lira (em Família Cristã) lista algumas diferenças:

a) na questão da fé e religião – O mandamento expresso é que os que são cristãos casem-se com cristãos. Apesar da liberdade que o (a) jovem ou viúvo (a) tem para contrair matrimonio com quem quiser, é preferível quem a outra parte também pertença ao Senhor (I Co 7.39). Agora, esse pertencer ao Senhor, a meu ver, diz respeito também às diferenças denominacionais (não que a outra parte não pertença ao Senhor). Por exemplo, vejo problemas em casamentos onde uma parte é pentecostal e outra tradicional, pois há muitos fundamentos doutrinários em questão. Penso ser muito difícil a manutenção do respeito e maturidade. Acho que com o tempo haverá atrito. Se é desta forma internamente, que dirá de casamento entre uma pessoa crente e a outra um católico romano, ou espírita, ou testemunha de Jeová, ou mórmon, etc. Esgotando a paciência na área religiosa (pois haverá muitos desentendimentos em termos de crenças) as outras áreas certamente serão afetadas. O conselho é: não case com pessoas que professam crenças diferentes. Você terá problemas no futuro.

b) no caráter – Não que o não crente não tenha caráter. Aliás, potencialmente todo o ser humano possui qualidades que o podem fazer agir com nobreza, prudência, elegância, respeito e moral. Porém isso não anula sua condição de pecador nem de possuir natureza pecaminosa. O caráter é “um dos fatores integrantes da personalidade total que imprime ao indivíduo uma forma de conduta, e que resulta de uma progressiva adaptação do temperamento constitucional às condições do ambiente natural, familiar, pedagógico e social” (Enciclopédia Barsa). Exige-se de um verdadeiro cristão caráter reto e santo, o que não coaduna com o caráter tortuoso daquele que não crê em Cristo e ainda não o recebeu como Salvador. No Sermão do Monte Jesus mostrou que os seus verdadeiros discípulos devem ser exemplo de vida santa e boa conduta para sociedade: “Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mt 5.13, 14).

Os que não temem ao Senhor não possuem os mesmo modos, hábitos e costumes dos que o temem. Palavrões, vícios, jogatinas, imoralidades, idolatrias, entre outros, são aceitos normalmente. Como agirá o cônjuge crente nessa situação? É melhor evitar contrair tal matrimônio!

c) consequências futuras nos filhos – Neemias (13. 23, 24) informa que os filhos de alguns judeus perderiam a identidade como povo do Senhor, pelo fato de receberem influencias estrangeiras: “naqueles dias vi alguns judeus que haviam se casado com mulheres de Asdode, de Amom e de Moabe. A metade dos seus filhos falavam a língua de Asdode ou a língua de um dos outros povos, e não sabiam falar a língua de Judá”. Esdras havia tratado esse problema vinte e cinco anos antes, mas ele permanecia sendo um desafio aos judeus (Ed 9.1). A linhagem santa não deveria misturar-se com a ímpia. Isto caracteriza infidelidade ao Senhor.

Infelizmente conheço historias de que moças ou moços crentes namoram com descrentes. Muitos desses namoros se desdobrarão em casamento e o perigo e prejuízo espiritual serão enormes. A (o) jovem pensa que no futuro convencerá a outra parte a se “converter” ao evangelho – o que não é impossível, ainda que difícil. É melhor não arriscar a “sorte”.

Por outro lado, as consequências nos filhos podem ser espiritualmente devastadoras no futuro. Ouvi de um pastor que o estado caótico em que se encontra a Europa, no aspecto  religioso, é o reflexo da negligencia de muitos pais que não ensinaram a fé reformada ou as crenças cristãs ortodoxas aos filhos. Não conseguiram passar a herança das suas crenças adiante, e a tendência é a geração seguinte desconhecer ou não se importar mais com o aspecto religioso. Isso pode acontecer até conosco. Se não ensinarmos nossos filhos sobre nossas crenças, que futuro terá a pregação do evangelho de Cristo e a qualidade da fé cristã?

O fato de que alguns filhos dos judeus não falavam mais a língua de Judá (o hebraico) era sinal de que não estavam sendo educados na tradição judaica, mas sim nas culturas pagãs das suas respectivas mães.

A REAÇÃO DE NEEMIAS

Neemias estava inconformado com estes casamentos e agiu com severidade. O texto bíblico diz que ele contendeu com os maridos e os amaldiçoou. O ato de maldizer significa que Neemias os estava colocando (deixando) sob o julgamento divino, por causa da infração legal. Não tem nada a ver com palavras negativas carregadas de ódio. Deuteronômio 28.15-68 enumera vários castigos aos que desobedecessem aos mandamentos do Senhor. Tem muita gente que atribuem todos os acontecimentos ruins na vida a ação do Diabo. Precisamos analisar devidamente se não é o Senhor que nos prova por causa da nossa desobediência ou das nossas atitudes erradas.  

Diz também o texto bíblico (Ne 13. 26) que Neemias lhes aplicou castigos públicos e humilhantes. Entres estes estavam os açoites com vara (Dt 25.1-3; Pv 10.13) e arrancar os pelos da barba (Is 50.6; um... isso deve doer hein!) Para nós pode parecer estranho, mas Neemias, como governador, utilizou a força para obrigar o povo acatar a Lei. A intenção de Neemias era impedir uniões ilegítimas no futuro. Ele obrigou os homens fazerem um juramento baseado em Deuteronômio 7.3. Ainda que fosse um juramento forçado, pensava Neemias que, pelo menos por causa dos castigos advindos da desobediência, eles temeriam.

O [MAL] EXEMPLO DE SALOMÃO

Os homens foram advertidos pelo exemplo negativo de Salomão. Salomão desobedeceu ao mandamento de que o rei (o chefe político) não deveria ter muitas mulheres, conforme Deuteronômio 17.17: “Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie”. Sabemos que as muitas mulheres de Salomão perverteram seu coração e ele desviou-se do ideal Divino.

O texto bíblico de I Reis 11.1-8 informa-nos sobre a idolatria de Salomão. O versículo 1 diz que ele amou “muitas mulheres estrangeiras” (atitude esta proibida em Dt 17.17; Ex 34.16; Dt 7.1-4; Js 23.12, 13). Estas, lhe perverteram o coração (Dt 7.4) e ele passou a seguir a Astarote (deusa fenícia do amor e da fertilidade – os gregos chamavam-na de Astarte) a Milcom (deus nacional dos amonitas – também conhecido como Moloque) chegando ao cúmulo de levantar um santuário ao deus Quemos (deus nacional dos moabitas (II Rs 3.26, 27).

EVITANDO O JUGO DESIGUAL

O Novo Testamento mantém o mesmo principio acerca do casamento misto. Ainda que o contexto seja outro, todavia aplica-se o texto de II Coríntios 6.14, 15 à mesma situação: “Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e Belial? Que há de comum entre o crente e o descrente?”.

A Bíblia de Estudo NVI nota que neste versículo o apóstolo “Paulo tem em mente a proibição das “misturas” do AT, e.g., a de Dt 22.10. Se os crentes de Corinto cooperarem com os falsos mestres, que na realidade são servos de Satanás, por mais encantadores e persuasivos que sejam, ficarão em jugo desigual, sendo destruídas a harmonia e a comunhão que os unem em Cristo”. Conforme nossa lição assim como água e óleo não se misturam, pois são substâncias heterogêneas, assim sucede com o casamento misto, e as perguntas que constam na orientação pedagógica arrazoam: Como andarão dois juntos se não professam a mesma fé? Qual educação religiosa prevalecerá em relação aos filhos? Em que tipo de fé serão ensinados?

Que os jovens em fase de casamento, assim como outros que estão para casar, possam ponderar e refletir sobre essa questão. Isso fará que no futuro não venham a sofrer constantes frustrações e tentem achar um culpado (o que certamente farão, e alguns culparão até mesmo Deus por seu casamento estar arruinado). Pense nisso!

Em Cristo,

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Um comentário:

  1. Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei o seu fruto Jeremias 29.5

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