quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A INFLUENCIA CULTURAL DA IGREJA (Parte Final)

2 – A ACOMODAÇÃO DA IGREJA COM A CULTURA MUNDANA
Hoje em dia a relativização de conceitos antigos tem levado a igreja comungar com a cultura mundana. Conceitos absolutos em diversas áreas da nossa vida tem recebido outro entendimento e aceitação. O leitor já deve ter deparado com cristãos que mudaram opiniões ortodoxas que eles próprios condenaram, mas mesmo assim continuam servindo a Deus. Por exemplo, cristãos que jogam na loteria, que fazem sexo antes do casamento, que contam piadas imorais, que trapaceiam, que mentem sempre e não se arrependem, que olham pornografia na internet, entre outras coisas.
O pastor Augustus Nicodemus fala disso em seu blog ao comentar sobre uma categoria de novos tipos de crentes: os neo-ortodoxos. “A neo-ortodoxia tem a tendência de colocar como transcendentes as manifestações práticas e visíveis da operação da graça de Deus no ser humano, interpretando conversão e santificação em termos psicológicos, apenas. Talvez seja por esse motivo que alguns neo-ortodoxos – note que não estou generalizando – consideram como sem importância fazer sexo antes do casamento, ir aos bailes e baladas, separar-se e casar de novo mais de uma vez, e usar palavrões e linguagem chula. Eles acabam esvaziando de sentido as declarações bíblicas sobre a necessidade diária e prática de uma vida separada do pecado e apegada aos valores cristãos”.
Paulo escrevendo aos efésios (5.11) ordenou: “E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as”. Quanto ao uso de palavras imorais a Bíblia (Ef 4.29) recomenda: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem”. O salmista recomenda ao justo afastar-se dos conselhos dos ímpios e de estar compactuando com suas agendas: “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”. O cristão deve agir com seus colegas e amigos não crentes com sabedoria, prudência, cordialidade, mas com firmeza sempre demonstrando que não falamos nem fazemos o que eles erradamente fazem no pecado.
Os cristãos também têm sido tentados pela cultura secular na área da política. Adianto que não sou contra a política conforme sua essência. Mas, o que temos visto com nossos próprios olhos é de estarrecer. A igreja não tem sabido “fazer política”. Ela ora e trabalha para eleger um vereador, um deputado, prefeito. Depois de eleito, as igrejas por meio de sua liderança exigem que o politico atenda suas exigências particulares e até mesmo pessoais. Pagar gastos com festividades da igreja parece ser a preferida. Isso inclui o pagamento do cantor, pregador e até mesmo do banner informando a “festa” da igreja. Crentes que procuram o político da igreja para que ele os ajude a pagar aluguel, comprar remédios, etc, tudo isso sob a tutela do pastor da igreja.
Isso não é política e o político eleito não tem que “fazer política” para a igreja. Ele deve saber conquistar os benefícios para a sociedade de maneira ética, equilibrada e correta. A igreja quer um vereador crente na Câmara pra quê? Um prefeito crente no Paço Municipal pra quê? Para ele ser subserviente do sistema que rege as estruturas de uma igreja e do capricho da liderança? Trocas de favores que, ainda que não se caracterizem como ilegais, são arbitrárias, tendenciosas, e evidenciam que muitas vezes a liderança pastoral quer usufruir do poder monetário do município, do Governo (nas esferas estaduais e federais), para enxugar a folha de pagamento dos seus pastores. Isso é cultura mundana na área política. Penso que é necessário rever esses conceitos e fazer os procedimentos por uma intenção que justifica e não porque na política é assim.
3 - AGINDO SOB OS PRINCIPIOS DA CULTURA CRISTÃ

É possível usufruirmos da cultura social sem estarmos comprometidos com ela. É comum quando alguém quer zombar de algum crente dizer que ele não faz isso ou aquilo porque a igreja proíbe. Na verdade temos de estar no mundo, mas não nos contaminarmos com ele. A Bíblia nos informa a história de Daniel e seus três amigos na corte babilônica e como eles não se ajustaram àquela cultura. A Babilônia era a mais importante cidade da época devido sua grandeza e influencia. A cidade era tão esplendorosa e bonita que dentro dos muros do palácio elevava-se numa altura de 23 metros os célebres jardins suspensos – uma das sete maravilhas do mundo antigo. Possuía uma importante produção literária científica.
Estes quatro jovens estavam distantes da sua pátria, cultura e família. Podiam fazer o que quisessem e dificilmente seriam descobertos. Os rapazes eram provenientes de família real e das famílias ricas e importantes de Judá. Tinham boa instrução, boa cultura geral e distinção suficientes para viverem no palácio real. Na Babilônia deveriam aprender a língua, os costumes e a ciência dos caldeus. Eram jovens estudados, sábios, preparados, mas, sobretudo eram tementes a Deus. Como era obediente às leis de Deus, o jovem Daniel “assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei nem com o vinho que ele bebia”. Noto nesse episódio não apenas a questão de não comer aquela comida nem tomar vinho, mas a importância dos princípios equilibrados que Daniel e seus amigos traziam consigo. Daniel sabia que aquela cultura não agradava a Deus e, portanto resolveu usufruir de algumas partes da cultura babilônica, mas não se comprometeu com ela.
Não podemos nos acomodar com a cultura secular, mundana e compactuarmos com suas agendas. Nesses últimos dias devemos tomar sérias precauções com movimentos que estão ressuscitando o velho paganismo. Israel sempre foi assediado pelas religiões e culturas pagãs. Balaão após se convencer que não poderia amaldiçoar o povo de Deus verbalmente apelou para a prostituição sagrada: “E Israel deteve-se em Sitim e o povo começou a prostituir-se com as filhas dos moabitas. Elas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu, e inclinou-se aos seus deuses” (Nm 25.1,2). Os israelitas foram absorvidos pela cultura pagã. É muito fácil, nos dias atuais, nos envolvermos lentamente com a cultura pagã. São atos e atitudes que evidenciam que Deus já não pode ser mais adorado verdadeiramente por nós. Filmes de terror, pornográfico, filmes com conteúdo místico, literaturas imorais, o abandono premeditado de Deus, a ingestão de bebidas alcoólicas, etc, isso entre outras coisas tem feito parte da conduta de alguns crentes.
Não podemos admitir nem aceitar passivamente a cultura que a sociedade nos tem imposto nesses últimos tempos. Não esqueça:  a cultura é bela e verdadeira, mas contaminou-se com o pecado e não podemos ser ingênuos ao ponto de aceitarmos todas as ideias concebidas nas suas literaturas, músicas, filmes, esportes, etc. Precisamos filtrar muito do que ouvimos, vemos e participamos em nossa sociedade. Por outro lado devemos apresentar a este mundo a cultura cristã com seus princípios e valores, ainda que aparentemente para ele (para as pessoas sem Deus no mundo) seja uma “loucura” os nossos procedimentos contra-culturais.
Em Cristo,
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