sexta-feira, 22 de abril de 2011

O ESPÍRITO SANTO COMO AGENTE CAPACITADOR E SANTIFICADOR

Por Gilson Barbosa
A lição em estudo, objetiva ensinar sobre santificação e serviço. Não devemos nem podemos aceitar que momentos carismáticos sejam a essência da vida cristã controlada sob o Espírito Santo. Há muito tempo atrás o saudoso pastor Estevam Ângelo alertava que “uma das tragédias dos círculos pentecostais é o fato de que muitos crentes tem considerado o batismo com o Espirito Santo o fim de uma tarefa. Julgam haver atingido o clímax. Consideram o batismo um evento capaz de solucionar todos os seus problemas, quase que automaticamente. Mostram-se contentes, como quem passou a figurar no rol dos privilegiados. Deixam de buscar a Deus e, gradualmente, vão perdendo o vigor espiritual, a medida que vão ficando privados do contato com deus em suas vidas”.[1]
Definição teológica
A santificação do crente não é uma alternativa, mas algo objetivo e um alvo a ser buscado: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (I Pe 1.15). De acordo com o Dicionário Teológico (CPAD) santificação é a “separação do mal e do pecado, e dedicação ao serviço do Reino de Deus” e santidade “é o estado de quem se destaca pela pureza”.
Contudo, essa santificação do crente não é absoluta, mas como descreve a Bíblia Pentecostal trata-se de uma “retidão moral de um caráter imaculado, demonstrada na pureza do crente diante de Deus, na obediência à sua lei e na inculpabilidade desse crente diante do mundo (Fp 2.14,15; Cl 1.22; 1Ts 2.10; cf. Lc 1.6).
Três etapas da santificação do crente
O pastor Antonio Gilberto fala que a santificação do crente é tríplice: posicional, progressiva e futura. A santificação posicional acontece quando recebemos a Cristo como nosso Salvador. Nesse caso, a santificação tem forte ligação com a doutrina da salvação: “Pelo cumprimento dessa vontade fomos santificados, por meio do sacrifício do corpo de Jesus Cristo, oferecido uma vez por todas” (Hb 10.10 – NVI). Deus nos considera santo em Cristo e por meio Dele. A santificação progressiva tem a ver com a ação prática e diária do cristão. O apóstolo Paulo exorta que, nesse caso, a santificação deve ser aperfeiçoada: “ORA, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (II Co 7.1). Já a santificação futura é o estado final e completo do crente salvo: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo” (I Ts 5.23).
As obras do Espírito Santo na vida do cristão
O Espírito Santo promove naqueles que aceitam a Jesus uma nova vida; chama-os para um ministério específico na Igreja no exercício de funções. O Espírito Santo concede ao cristão santificação, autoridade, consolação, eficiência etc. Portanto, o Espírito Santo é imprescindível para todo o cristão – tanto o novo convertido quanto os que já estão há algum tempo na igreja.
Vejamos as obras do Espírito Santo na vida dos cristãos:
Sentir-se pleno do poder do Espírito Santo
Isto não significa que o cristão deva cometer exageros, mas, sim, deixar-se ser dominado pelo poder do Espírito a ponto de ter sua antiga forma de vida mudada, trocada por Deus, ou seja, o cristão não praticará mais os velhos hábitos pecaminosos. Antes, porém, temos de entender que é o Espírito Santo quem convence do pecado. Ser pleno do Espírito Santo é “ser controlado, governado e guiado pelo Espírito”. Uma pessoa pode muito bem falar em línguas, profetizar, mas, mesmo assim sua vida cristã não ser plena do poder do Espírito.
Convence do pecado
Isto ocorre quando o “homem” reconhece seus pecados e se arrepende. Sem arrependimento, o homem jamais poderá desfrutar do plano de salvação. A consciência do ser humano, morta por seus pecados, passa a funcionar, levando-o à compreensão de que tem uma natureza pecaminosa, que precisa ser abandonada. Ao deixar a velha natureza, “homem” passa por um processo de regeneração.
Regeneração
É o Espírito Santo o protagonista desta fase na vida do “homem”. Nicodemos teve de aprender isso. Jesus lhe respondeu: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.5). Jesus, ao perceber a dificuldade de Nicodemos em entender a questão, diz: “Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?” (Jo 3.10). A pessoa, ao aceitar a Cristo, recebe o Espírito Santo, que é quem produz a santificação contínua na vida do ser humano.
Santificação
Não estou referindo, com isto, às atitudes legalistas das pessoas que interpretam mal esta doutrina e apresentam seus próprios conceitos, cuja intenção é substituir o papel santificador do Espírito Santo. Antes, estou referindo à atitude que leva o cristão a viver separado do sistema que o mundo oferece, com seus deleites e prazeres. Em Romanos 8.6-9, está registrado: “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.
O Espírito Santo no serviço de cristão
A presença do Espírito Santo é uma grande bênção na vida do crente e os ajuda a:
1 – Prover respostas quando houver oposição à pregação do evangelho – A oposição dos saduceus, do capitão da guarda do Templo e dos sacerdotes não intimidaram os apóstolos Pedro e João logo após o milagre da cura do coxo (At 4.1). Prenderam Pedro e João e depois os conduziram diante do Sinédrio para inquirirem “em nome de quem e com que poder” operaram tão estupendo milagre, fazendo andar o coxo. A Bíblia diz que Pedro ao ter a oportunidade de falar perante o Supremo Tribunal Judaico estava cheio do Espírito Santo: “Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Principais do povo, e vós, anciãos de Israel”. O Pedro que negara seu Mestre por três vezes, aproveita a oportunidade e perante as autoridades religiosas de Jerusalém oferece respostas contundentes e prega a Cristo. A pregação foi tão maravilhosa que todo o povo passou a louvar a Deus pelo milagre ocorrido: “eu Mas eles ainda os ameaçaram mais e, não achando motivo para os castigar, deixaram-nos ir, por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera” (At 4.21).
2) Incitar as pessoas à Cristo – O crente pleno do poder do Espírito Santo não tem medo de pregar com ousadia a Palavra de Deus. O resultado será sempre almas (pessoas) se rendendo aos pés de Cristo, por meio da operação do Espírito Santo: “Mas muitos dos que tinham ouvido a mensagem creram, chegando o número dos homens que creram a perto de cinco mil” (At 4.4). O próprio Jesus havia dito aos seus discípulos que não ficassem desesperados, desorientados e amedrontados, quando fossem levados diante das autoridades e tivessem de dar explicações, pois o Espírito Santo falariam neles ou por eles: “Quando, pois, vos conduzirem e vos entregarem, não estejais solícitos de antemão pelo que haveis de dizer, nem premediteis; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai, porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo” (Mc 13.21). Esse encorajamento efetuou nas pessoas a salvação em Cristo: “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé” (At 6.7).
3) Comunicar com intrepidez a pregação do evangelho – Não se trata aqui de desprezar, omitir ou negligenciar os estudos bíblicos, teológicos, a meditação devocional, a leitura bíblica e de livros, mas entender que foi somente após receberem o batismo com Espírito Santo no Pentecostes é que saíram com ousadia a pregar a Palavra de Deus: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). Enquanto não recebessem esse poder do alto não deveriam sair de Jerusalém: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.44).
“Cheios do Espírito”
O apóstolo Paulo aconselhou aos crentes efésios (5.18) para que deixassem o Espírito Santo preencher todos os espaços das suas vidas quando disse: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. Segundo o pastor Elienai Cabral (Efésios - CPAD) “Paulo apresenta uma fonte e uma causa de prazer muito mais forte e saudável que o encher-se de vinho. Ele apresenta um vinho superior, capaz de dar um tipo de alegria permanente, que é a alegria do Espírito. Os adeptos de Baco criam que esse falso deus podia encher-lhes de sua força e influência. Por isso, Paulo lhes apresenta o Deus verdadeiro, o único Deus poderoso, capaz de encher-lhes de sabedoria e de toda a alegria. Alegria que jamais outro deus poderia dar-lhes. ‘Enchei-vos do Espírito’ é um convite e uma ordem para os crentes efésios”.
Paulo contrasta a pessoa sob os efeitos da bebida alcoólica com aquela sob os efeitos do Espírito Santo. A outra é controlada pela insensatez (resultado da bebida), mas esta é controlada pela sobriedade (resultado do Espírito Santo). O pastor Augustus Nicodemus Lopes diz que “é evidente que Paulo, nesse momento, está ordenando que nos submetamos ao domínio do Espírito Santo de forma tão completa que todas as áreas da nossa existência fiquem sob seu domínio, e que o fruto do Espírito – alegria, amor, paz, gozo, domínio próprio, enfim, santidade – encha nossa existência, como um vaso é enchido até em cima”.[2] 


[1] SOUZA, Estevam Ângelo de. Lições Bíblicas. Ed: CPAD, p.37, 1989
[2] LOPES, Augustus Nicodemus. Cheios do Espírito. Ed: Vida, 2007, p.22
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