Por Gilson Barbosa
O estudo paracletológico é um dos pontos fundamentais da fé cristã e extremamente importante ao Movimento Pentecostal. A Igreja Evangélica Assembléia de Deus comemora em junho do corrente ano, cem anos (100) de existência e por isso o tema das lições deste trimestre é o Espírito Santo, suas atribuições, obras, personalidade, sua relação com os dons espirituais, a glossolalia, sua relação pessoal com os crentes e outros assuntos relacionados.
Paracletologia: A Doutrina do Espírito Santo
Conforme postagem anterior neste blog, a palavra paracletologia deriva do termo grego parácleto, significa “consolador”. O nome consolador era aplicado a alguém chamado para estar ao lado de outra pessoa em processos penais ou criminais, a fim de auxiliá-lo. Esta disciplina também é chamada de pneumatologia, do termo grego pneuma, derivado do verbo pnéo, que significa “soprar” ou “respirar”. Assim, paracletologia ou pneumatologia é “o estudo sobre o Espírito Santo”.
A Divindade do Filho, posta em dúvida por Ário de Alexandria, foi debatida e parcialmente solucionada no Concílio de Nicéia. Em outro artigo, eu disse que teólogos ortodoxos afirmavam que Jesus era homoousios, ou seja, da mesma essência ou substância do Pai; e os heterodoxos diziam que Ele era homoiousios – apenas semelhante ao Pai. Como afirma Kerry D. McRoberts: “A diferença entre homo (“idêntico”) e homoi (“semelhante”) talvez pareça trivial, mas a letra i é a diferença fundamental entre as implicações panteísticas do sabelianismo (confundir Deus com sua criação) e a plena divindade de Jesus Cristo, à parte da qual ficariam grandemente prejudicadas a doutrina da salvação”.
O tratamento com a pessoa do Espírito Santo não foi diferente. A Divindade do Espírito Santo foi colocada em questão por volta de 360 d.C., no mesmo tempo quando a afirmação ortodoxa do Concílio de Nicéia sobre Jesus (como o Filho de Deus) começava a se impor. A questão era: tudo o que acaba de ser dito na igreja sobre a Divindade do Filho igualmente se aplica ao Espírito Santo? Não convém situá-lo ao simples lado de uma “força” divina não pessoal, ou francamente do lado da criatura?
Os pneumatômacos ou macedonianos
Uma tendência teológica se manifestou (359-360) na região de Constantinopla no seio do partido ariano moderado e se difundiu pelo oriente. Este grupo foi chamado macedonianos por causa de Macedônio, arcebispo de Constantinopla destituído em 360. Mas o nome que mais lhe ficou foi o de “combatentes contra o espírito santo” ou “pneumatômacos”. Os macedonianos ensinavam que o Espírito Santo possuía uma natureza inferior ao Filho e ao Pai. Sua divindade é, pois, atacada por meio de sua potência. Enumerado abaixo do Pai e do Filho, o Espírito não deve ser glorificado com eles. Os macedonianos eram ortodoxos acerca do Filho, mas não acerca do Espírito Santo.
As Seitas e o Espírito Santo
Para que você, leitor, possa saber o que certos grupos pensam sobre a pessoa do Espírito Santo, gostaríamos de relacionar, nesta introdução, alguns pensamentos distorcidos acerca do assunto:
- A Fé Mundial Bahaí afirma que o Espírito Santo é uma energia divina de Deus que concede poder a cada manifestação.
- O Alcorão, a “Bíblia” islâmica, se refere a Jesus como o Espírito de Deus. Os eruditos muçulmanos vêem o anjo Gabriel como o Espírito Santo.
- Para o budismo e hinduísmo, o ensino e a pessoa do Espírito Santo não existem.
- Os judeus crêem que o Espírito Santo é um outro nome para a atividade de Deus na terra.
- O pensamento do mormonismo a respeito do Espírito Santo é que Ele é um Deus separado do Pai e do Filho. Ele é uma substância líquida pelo qual o Pai exerce sua influência.
- O espiritismo o entende como uma falange de espíritos, negando, assim, sua personalidade e divindade.
- Para o Rev. Moon (Igreja da Unificação), o Espírito Santo é um espírito feminino que trabalha com Jesus no mundo dos espíritos, a fim de conduzir as pessoas a Ele (Moon).
- Os unicistas (Igreja Voz da Verdade, Igreja Local, Tabernáculo da Fé, Adeptos do Nome Yehoshua e suas Variantes, entre outros) crêem que o Espírito Santo é o próprio Jesus.
- Para os adeptos da Nova Era, o Espírito Santo, às vezes, é considerado como uma força psíquica.
- As Testemunhas de Jeová não acreditam na existência do Espírito Santo como pessoa, trata-se apenas de uma influência, uma força ativa, tal qual uma corrente elétrica.
De todas estas correntes de pensamento sobre a paracletologia, podemos depreender que as seitas ora negam a personalidade, ora negam a divindade do Espírito Santo, e há aquelas que sequer crêem em sua existência.
Quem pensa que estes ensinamentos distorcidos são atuais deveria observar e pesquisar para saber que, ao longo da história da Igreja, esta doutrina foi atacada veementemente. Os pensamentos atuais distorcidos tiveram seu nascimento nos primeiros séculos do cristianismo. Tomemos, como exemplo, alguns ensinadores que se diziam cristãos nos primórdios da Igreja e como avaliavam a pessoa do Espírito Santo.
- Noeto de Esmirna: foi com Ele que se deu o início do movimento modalista na Ásia.
- Práxeas: com ele teve início o ensino modalista na África.
- Sabélio: revivificou o ensinamento de Práxeas na Líbia (África do Norte).
O modalismo reduz o Pai, o Filho e o Espírito Santo a três modos ou aspectos de Deus. Esta doutrina sustenta que as três pessoas da Trindade não eram mais que três modos, máscaras ou funções, por meio dos quais atuava uma única Pessoa divina. Sabélio, mais tarde, aplicou a mesma doutrina errônea ao Espírito Santo, sustentando que, na criação, o Deus pessoal se revelou como Pai, na redenção como Filho e na obra da santificação como Espírito Santo.
A importância do assunto
Apesar deste assunto ter sido amplamente discutido em lições anteriores, sempre temos pessoas novas convertidas, dúvidas que pairam sobre o tema, a oportunidade de reavivarmos a obra poderosa do Espírito Santo, a manutenção da sua operação entre nós pentecostais e a associação do tema com o centenário da maior igreja pentecostal do Brasil.
Apesar deste assunto ter sido amplamente discutido em lições anteriores, sempre temos pessoas novas convertidas, dúvidas que pairam sobre o tema, a oportunidade de reavivarmos a obra poderosa do Espírito Santo, a manutenção da sua operação entre nós pentecostais e a associação do tema com o centenário da maior igreja pentecostal do Brasil.
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